terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Entre Lençóis, Somos Alimentos

Corpos saboreados por lábios sedentos
Vestes rasgadas, suadas
Gemidos acorrentados por fantasias sádicas
Entre lençóis, somos alimentos

Línguas que queimam, inimigos que se desejam
Promessa de nudez enfeitiçada 
Olhares vendados, mãos atadas, alma aberta
Verdade não dita, mentira vivida, envenenada

Paixão sem intenção
Unidos por outros matrimónios
Traição de persuasão
Frutos proibidos de demónios

Riscos de conscientes consequências
Rostos transpirados, corpos somente desejados
Desejos sem trajetos, indecências 
Alimentos usados, jogos depravados.

sábado, 1 de dezembro de 2018

Querido Pai Natal, Por Quem Não Volta

Querido Pai Natal
Acho que é a tua vez de procurares por mim
Pois não sei mais de onde vim

Querido Pai Natal
Confesso-te que portei-me mal estes últimos anos
Não cumpri o não derramar lágrimas sobre estes danos

Querido Pai Natal
A minha voz ecoa sem melodia, não irradia
Por esta eterna noite que nunca se torna dia

Querido Pai Natal
Peço-te o retorno do tempo perdido neste Mundo
Para conseguir perdoar quem me deixou no fundo

Querido Pai Natal
Não sou crente, mas oro impreciso
Por um sorriso que perdi para o paraíso

Querido Pai Natal
Não sei como te escrever
Como, com saudades, continuar a viver

Querido Pai Natal
Uma das muitas partes de mim, continua a acreditar
Que, por quem não volta, o conseguirei abraçar.


quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Silêncio de Desculpas / Silence of Excuses

Supliquei aos céus para que ficasses
Pedi aos Deuses para que não me abandonasses
Orações em mim cicatrizadas
Mentiras que nem facadas
I begged the heavens for you to stay
I wonder why the Gods ripped you from me
Healed prayers, under my skin
Stabbed with lies

Desonrado pela imaginação
Sorriso de desilusão
Sem mais emoção para o céu cinzento
Sonho turbulento
Dishonored by my imagination
Disappointment with a smile
No more ink for this gray sky
Shaken dreams

Jogos de culpas
Silêncio de desculpas
Suicídio de memórias
Vitórias desonradas
We play this guilty game
Silence of Excusses
Trapped memories
Dishonored Winners

Mapas sem linhas
Olhares de advinhas
Preces iludidas
Mentiras aplaudidas
We play this guilty game
Riddles of gazes
Deceived prayers
Honest lies

Felicidade finita
Medo de lágrimas sentidas
Desconhecidas páginas
Metas sobre ravinas.
Temporary Happiness
Fear of heartfelt tears
Unknown pages
Hollow goals.

domingo, 5 de agosto de 2018

Escondidos Por Mim, Transparentes Para Ti

Lembranças cravadas na memória
Abraçado por pecados, seguro nos teus braços
Erros escondidos na nossa história
Quebrado em mil pedaços, rasgados laços

Não mereço ser honrado
Se nunca ouvi as tuas preces
Se aos teus olhos era um amor sagrado
Agora que já não me pertences

Um eterno talvez de perdões
A obsessão que nos uniu
Criamos as nossas próprias escuridões
Um retorno que os céus baniu

Esta sede de sombrias conquistas
Não me alimentaram o que contigo vivi
Segredos enterrados como artistas
Escondidos Por Mim, Transparentes Para Ti.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Vento e Mar / Wind and Sea

Aceito ir para um lugar distante
Onde o horizonte cobre mil e um destinos
Apenas o barulho do vento e do mar
Poemas de artistas atlânticos sentidos
I accept going to a distant place
Where the horizon covers a thousand destinations
Only the noise of the wind and the sea
Listenning to poems of Atlantic artists

Atrevo-me navegar pelas ilhas de bruma
Onde se sinta o cheiro da terra lavrada
Que eu toque a viola da terra até que a vontade se suma
Onde viaje como gaivota, sobre o Mar, amada
I dare to sail through the misty islands
Where you can smell the plow land
I´ll play the "viola da terra" until I wish no more
I´ll trave as a beloved seagull, over the Sea

Como Priôlo, voando entre ondas, a desfolhar
Jamais distante quanto o Pico está do Mar
Onde o arquipélago nos quebre os limites do sonhar
Sonhos sussurrados pelo salgado encantar
Like a "Priôlo", I will be flying between waves
But never far away as Pico is from the Ocean
Where the archipelago breaks the limits of dreaming
Dreams whispered by the salty Sea

O verde da Terra que o corpo me deixou descansar
Terra esta que o corpo deixei cimentar
O azul do Mar que a alma me tentou desbotar
Mar este que a alma conseguiu consertar.
The green land that let´s my body rest
This land that I letted my body asleep
The blue of the Sea that tried to fade my soul
This Sea that indeed repareid my soul.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Meu Mar / Oh Sea

Meu Mar, porque estás tu a querer voar?
Que tanto me proteges do medo de sonhar
Mas que tanto bates, não te consigo alcançar
Oh Sea, why do you want to fly?
You protect me from the fear of dreaming
But you dont let me reach you through your waves

Meu Mar, porque estás tu a querer me afastar?
Danças sobre as terras vulcânicas
Quase que voas sobre as gaivotas, sem parar
Oh Sea, why are you pushing me away?
Dancing on the volcanic lands
You almost fly over the seagulls

Meu Mar, porque estás tu as terras querer dominar?
Revoltaste que nem os cachalotes te consegue mergulhar
Choras por tantas vidas que magoaste, mas que tanto salvaste
Oh Sea, why do you wish to take over these quiet lands?
Not even sperm whales can dive you
You cry for so many lives that you took away, but you saved so many.

Meu Mar, porque estás tu a fingir as pastagens pintar?
Grandiosidade a tua que quase o céu consegues encontrar
Honras os açorianos que genuinamente se apaixonam por ti
Oh Sea, why are you pretending to paint this virgin field?
Even the skies can´t reach you
You honor the Azoreans who genuinely fall in love with you

Meu Mar, porque estás tu a querer me sepultar?
Jamais me amarás como eu não te consigo parar de te amar?
Não te desejo rejeitar! Enfeitiçado, eu, pelo teu sonetar
Oh Sea, why do you desire to bury me?
Will you ever love me like I can´t stop loving you?
I don´t (and can´t) reject you! Hypnotized by your song.

Meu Mar, porque estás tu a poetar?
As tuas ondas que até à alma me consegues molhar
Essa tuas ondas que me levam neste azul pernoitar
Oh Sea, why are you writing like a poet?
Even my soul can be wet by your waves
These waves that take me through this blue night

Meu Mar, porque estás tu a revoltar?
Orgia de ondas... será o teu ressuscitar?
Oh... no meu corpo deixo-te penetrar.
Oh Sea, why this wild spirit of yours?
Orgy of waves... will you reborn?
Oh... over my body, I let you take control.

Meu Mar, o que estás tu a querer me contar?
Será a tua mão que nos acolhe ou a que nos procura conquistar?
Oh... minha alma atlântica, estás tu a remontar.
Oh Sea, what are you trying to tell me?
This rage of yours... is it a welcome or the seek to conquer us?
Oh... you are rebuilding my atlantic soul.


segunda-feira, 12 de junho de 2017

Filhas das Ondas / Daughters of the Waves

No Atlântico, banhadas no horizonte
Gemidos nos tempos do sonhar
Sonhos das mágoas ao amar
Within the Atlantic, bathing on the horizon
Moans in the times of dreaming
Dreams from sorrows to love

Penetradas pelas ondas, deitam-se sobre mil algas
Bebendo o Atlântico, escrevem lágrimas salgadas
Poetas nas terras a virgens conquistar
Penetrated by the waves, they lie down on a thousand algae
Drinking the Atlantic, they write on it with salty tears
Poets in the lands to conquer virgins

Sedentas por amor sincero
Punidas pelo sentimento efémero
Desprezo pelo ambicioso ruminar
Thirsty for sincere love
Punished by the ephemeral feeling
Contempt for the ambitious ruminal

Filhas das Ondas, encantadas por estrofes nuas
No Atlântico, procuram crescer filhas suas
Versos soltos dos vulcões adormecidos ao irrequieto Mar
Daughters of the waves, enchanted by naked words
In the Atlantic, they seek to give birth to their daughters
Loose poemas of the asleep volcanoes to the restless Sea.